sexta-feira, 4 de abril de 2014

sete dias

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no dia 14 de março postei uns versos do bukowski. no dia 15, de surpresa, ela apareceu aqui na minha casa. infelizmente, 15 dias após, quando voltei a publicar, foi para falar sobre a morte dela.

fico ligando os pontos de qualquer coisa relacionada a sua morte. desde a possibilidade de ela já ter vindo com essa ideia, de ter sido tudo premeditado, até a coincidência da escolha do dia, quando usei emprestado um rímel ultrapotente que me fez chorar lágrimas pretas como quando nos conhecemos e ela disse que era a coisa mais linda que já tinha visto.

fico refazendo suas últimas horas na minha cabeça. imaginando que tenha se banhado, se perfumado, as unhas do pé, certamente pintou de vermelho, em seguida fez uma bela maquiagem. escolheu a melhor roupa, passou os longos cabelos por sobre o nó da corda e saltou, resignada, em direção ao fim.

fico conjecturando sobre seu último pensamento. se esperou que alguém aparecesse e a  salvasse. se se frustrou por achar que não faria falta a ninguém. se, determinada e inebriada pelo ódio a essa vida, disse, forte, a si mesma enquanto agonizava a falta de fôlego "é minha última dor. depois disso, não sofro mais"

não consigo evitar esses pensamentos mórbidos. e preciso colocá-los todos aqui para ver se me abandonam. quero lembrar dela com a serenidade que me passava nas cartas e e-mails e nos abraços e na vozinha com sotaque do sul.

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