domingo, 18 de maio de 2014

:O

hoje à tarde sonhei. 

sempre observei que os sonhos mais nítidos - pelo menos os meus - estão relacionados à quantidade de comida ingerida antes de dormir. quando como bastante, durmo pesado, sonho muito. quando como coisas leves antes de dormir, não sonho nada. como vivo a neura da magreza, quase nunca sonho, porque quase nunca como muito. mas hoje, depois de uns seis meses desejando uma coxinha e me negando pura e simplesmente por causa do peso, resolvi comer. mais, depois da minha tão almejada coxinha, almocei. 

parece não muito extravagante o fato de ter almoçado. é o que as pessoas normais fazem, todos os dias, por volta das 12h. mas eu, nessa minha obsessão com medidas, passo, às vezes, semanas sem ver um arroz com feijão. pois bem, hoje almocei. e depois de comer satisfatoriamente como há muito não fazia, fui deitar. dormir, sabe? depois de uma noite insone, onde às 3h da madrugada estava a tomar um hipnótico após muito revirar na cama, e acordar super cedo para ir ao dentista, não consegui manter as pálpebras separadas por muito tempo.

e, como dizia no começo, sonhei. 

era claro, nítido, quase real. e era com a eni. 

no sonho, como previsto, ou melhor, como eu esperava que seria se fosse possível, fiquei feliz em vê-la. eu sabia, até mesmo no meu sonho, que um dia ela ia aparecer. me empolguei com sua presença, fiquei agitada, me animei. mas ela não estava do mesmo jeito. ela parecia nervosa, irritada, fumava muito e estava despenteada. perguntei se não estava bem, ela disse que não. perguntei se havia se arrependido, ao que respondeu com um "o que você acha?" carregado de ironia.

em seguida, no sonho ainda, claro, ela me trancou num pequeno quarto, uma dispensa, talvez, onde havia uma janelinha em que eu conseguia vê-la, conseguia ver o que fazia do lado de fora. para minha surpresa - e medo - eni cavava o que eu, no meu onisciente de ideias e imagens do sono, sabia ser uma cova. e era pra mim. 

lá, enquanto olhava para as pazadas de terra que eram jogadas para trás, tentava adivinhar o porquê dela querer me enterrar: queria que fosse para junto dela? queria que eu sentisse o que ela estava sentindo? queria, com mágoa, quem sabe, me fazer pagar por minha parcela de culpa negligente em sua morte? mas eu não conseguia reagir. não conseguia nem ao menos tentar afastar o obstáculo que fechava a saída. eu apenas olhava e esperava pacificamente.

acordei assustada e aliviada por ser apenas um sonho. mas tão logo abri os olhos, fechei novamente e voltei a sonhar.

mesmo 
sonho.

agora estávamos ela e eu numa mesa, sentadas de frente, e conversávamos. exatamente com fizemos em casa quando ela esteve aqui. sabia que não era o mesmo lugar, não era aqui, e eu não conseguia ver o que tinha à volta, mas ao olhar para o chão embaixo dos meus pés, vi que parecia de vidro. e abaixo da transparência eu podia ver uma fenda na terra que começava numa areia bem clara e acabava em escuridão completa. ela continuava aborrecida.

me lembro vagamente de tentar convencê-la a não me mandar lá pra baixo e, no instante seguinte, com um semblante furioso, seus cabelos começaram a clarear e  a pele a se desfazer diante dos meus olhos. acordei de salto novamente, mais assustada do que antes, com aquela agonia do despertar de um pesadelo. mas... ao mesmo tempo, de certo modo confortada porque, por estranho que pareça, pude trocar algumas palavras com ela.

já se vão quase dois meses e parece que ainda não consigo lidar. preciso tentar administrar. PRECISO.

Um comentário:

  1. A gente sempre sonha, mas nem sempre lembramos. Eu tive um lampejo de sonho com ela, mas já faz um tempo e só consigo lembrar que ela sorria. Gostaria de poder lembrar dos meus sonhos com frequência.
    E eu ainda não me conformo.
    :(

    p.s: Não esqueci sua carta, é que estava atordoada com as provas.

    ResponderExcluir